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Rotação por estações: o que é e como utilizar em sala de aula

Updated: Apr 14

Resumo: A rotação por estações é uma estratégia do ensino híbrido que promove engajamento e personalização do aprendizado ao dividir os alunos em grupos que circulam por estações com diferentes abordagens de um mesmo conteúdo. Nesse texto explicamos melhor esse conceito, seus benefícios, desafios e oferecemos orientações práticas para sua implementação em sala de aula


Representação de estações de trabalho numa ilustração. Pode-se perceber 5 estações com atividades diferentes.

A rotação por estações é uma estratégia de metodologia ativa que faz parte dos modelos de ensino híbrido (blended learning) e tem ganhado espaço nas escolas por promover maior engajamento, autonomia e diferenciação no processo de ensino-aprendizagem.


Nesse texto, vamos:

  1. Explicar o que é a rotação por estações

  2. Entender os benefícios e desafios da aplicação da rotação por estações

  3. Compreender como a rotação por estações deve ser aplicada em sala de aula



O que é rotação por estações?


A rotação por estações é um categoria de técnicas de ensino híbrido (blended learning) onde os alunos, divididos em pequenos grupos, rotacionam entre estações de aprendizagem na sala de aula que trabalham um mesmo conteúdo de diferentes maneiras (Tucker et al., 2017).

Antes de seguir... o que é o "ensino híbrido (blended learning)"?

Resumidamente, o ensino híbrido é aquele que insere o aprendizado dentro de um ambiente digital, utilizando tecnologias educacionais. Mais detalhadamente, podemos dizer que : "O ensino híbrido é um conjunto de técnicas no qual os alunos aprendem: (1) parcialmente por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, local, trajetória e/ou ritmo; (2) parcialmente em um local físico supervisionado (fora de casa), como uma escola ou centro educacional e (3) as modalidades ao longo da trajetória de aprendizagem de cada aluno (dentro de um curso ou disciplina) são interligadas para proporcionar uma experiência de aprendizagem integrada (Christensen Institute, 2025)."

As estações podem ter diversas configurações, bem como não há um número ideal de estações (porém, vale lembrar que muitas estações levam a um aumento da complexidade da técnica). Tudo vai depender da turma e dos objetivos pedagógicos. Entretanto, algumas ideias de estações são (Tucker et al., 2017):

  • Aula ou atividade conduzida pelo professor

  • Trabalho colaborativo em pequenos grupos

  • Espaço maker (ou oficina criativa)

  • Tempo no computador com software adaptativo

  • Momento de aprendizagem baseada em projetos

  • Pesquisa online

  • Design e criação com ferramentas digitais (apresentações, infográficos, etc.)

  • Trabalho individual ou tutoria individual com o professor

  • Passeios virtuais

  • Role-playing e/ou encenação

  • Jogos de revisão (online ou offline)

  • Prática guiada entre colegas

  • Discussões em pequenos grupos

  • Atividades de revisão/prática


Por exemplo: uma professora de física pode decidir uma configuração como demonstrada na imagem a seguir. Cada uma das quatro estações trabalha o mesmo conteúdo de maneiras diferentes, umas individualmente, outras em grupos menores e outras com o grupo inteiro.


Exemplo de um esquema de rotações por estação. No esquema há 4 estações: (1) microaula expositiva; (2) Atividade em grupos; (3) projeto colaborativo e (4) acesso a conteúdo online. Há setas interligando eles, partindo do 1 ao 4, voltando para o 1, indicando um ciclo.

Entretanto, independente do número de estações e dos tipos delas, é necessário se atentar para uma característica essencial: as estações precisam ser independentes (Tucker et al., 2017). Ou seja, as atividades de uma estação devem começar e se encerrar no tempo dela, jamais uma dependendo ou completando a outra. Isso garante que todos os alunos terão uma trajetória que faça sentido, não importando a estação onde tenham iniciado.


Por fim, vale ressaltar que a técnica pode ser iniciada e encerrada numa única aula ou também poderá se desenrolar por mais aulas. Assuntos muito complexos podem ser trabalhados de maneira mais calma e o tempo em cada estação pode tomar até uma aula inteira, por exemplo.


Como toda metodologia ativa, essa técnica se baseia no protagonismo do aluno em relação ao seu aprendizado. Porém, ela também utiliza os princípios da Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimodal, que combina elementos visuais, auditivos, cinestésicos e digitais para envolver os alunos e facilitar a compreensão do conhecimento (Neto et al., 2023).


Os benefícios de sua adoção foram confirmados em diversas disciplinas, como matemática (Akinoso et al., 2020) e biologia (Steinert & Hardoim, 2019). Além disso, os estudantes demonstraram mais satisfação em aprender através dessa técnica em comparação com aulas tradicionais (Truitt & Ku, 2018; Fullbeck, 2020) e desenvolveram um pensamento crítico melhor (Nugraha, 2020).



Benefícios com a utilização da rotação por estações


Os principais benefícios dessa técnica são (Tucker et al., 2017):

  • Cria pequenos grupos de aprendizagem dentro da classe: os grupos menores são espaços onde os alunos se sentem mais seguros para tirar dúvidas e acabam participando mais. Além disso, essa estratégia pode ser útil em ambientes com menos recursos tecnológicos (já que a turma foi dividida, não será necessário um computador para cada aluno da turma);

  • A diversidade de estações dinamiza o ensino: os alunos gostam de se movimentar e a rotação entre as estações conversa bem com essa inquietude da juventude;

  • Apresenta o mesmo conteúdo de diferentes maneiras, favorecendo a aprendizagem: cada estação apresenta o mesmo conteúdo de diferentes maneiras, facilitando o processo de ensino-aprendizagem através da multissensorialidade. Essa técnica pode ser apresentada com conteúdos que são muito essenciais, já que ele reforça o aprendizado com a apresentação em várias modalidades;

  • Facilita a avaliação individual dos alunos: a divisão da turma em grupos menores facilita a comunicação mais direta com os alunos e permite ao professor identificar pontos de melhoria individuais, ajudando na personalização do ensino. Ou seja, a rotação por estações facilita a individualidade do ensino mesmo em uma sala com muitos alunos.



Desafios na utilização da rotação por estações


Apesar dos benefícios, a implementação dessa estratégia pode apresentar dificuldades, como:

  • Resistência à mudança: professores e alunos ainda estão acostumados ao modelo tradicional e podem estranhar a abordagem diferenciada da Rotação por Estações;

  • Limitação de equipamentos: como uma das atividades sugeridas é no ambiente digital, é necessário ter equipamentos disponíveis em número e qualidade ideais para a condução da atividade;

  • Complexidade do planejamento pedagógico: cada estação demanda um tempo de preparo e, somadas, elas comumente tomam muito mais tempo do que o preparo de uma aula tradicional;

  • Espaço físico limitado: no caso das escolas com salas pequenas ou turmas muito grandes, a técnica pode ter um grau maior de dificuldade.



Como aplicar a rotação por estações em sala de aula


Algumas dicas essenciais para ajudar no planejamento da rotação por estações são:

  • Escolha temas mais complexos e que podem ser explorados de diversas maneiras: é importante que os alunos não fiquem entediados durante a rotação, o que pode acontecer com conteúdos muitos simples. Busque utilizar a técnica com conteúdos mais amplos e que cada estação aborda um aspecto dele;

  • Planeje o número de estações de acordo com o número de alunos: um número ótimo de alunos por grupo é de 6 (para o ensino médio) ou 4 (para alunos mais novos). Isso dá mais controle ao professor e evita distrações. Assim, considere o número de alunos na turma e divida por esse ótimo, o que dará o número necessário de estações (ex. para uma sala de 30 alunos no ensino médio, é recomendado ter 5 estações);

  • Organize o plano de ação de cada estação: uma forma boa de fazer isso é utilizar o esquema criado das estações e escrever alguns tópicos importantes sobre cada uma delas (tempo, objetivos, materiais, descrição da atividade etc.)

Mesmo exemplo do esquema de rotações por estação mostrado anteriormente, mas agora exemplificando os planos de ação. Dentro de cada estação há 4 itens a serem preenchidos: (1) tempo; (2) objetivo; (3) Materiais e (4) Descrição da atividade

  • Crie orientações específicas para cada estação: deixe orientações por escrito em cada uma das estações, caso os alunos tenham dúvidas. Uma ideia boa é deixar vídeos gravados explicando cada estação e colocar um QR code de acesso em cada uma delas.


Por fim, vale uma dica importante para coordenadores pedagógicos, que é oferecer formação continuada sobre o tema, além de estimular a troca de experiências entre docentes que já utilizam a metodologia. Dessa forma, a rotação por estações pode ser implementada com maior eficácia, beneficiando tanto professores quanto alunos.



Referências:

  • Akinoso et al., 2020. Effect of station rotation mode of instructional delivery for mathematics in the era of advancing technology. JISTE, 4(2), pp. 62-73.

  • Christensen Institute, 2025. Blended learning definitions. Disponível em: <https://www.blendedlearning.org>. Acesso em 12/04/2025.

  • Fulbeck, 2020. Personalizing student learning with station rotation: A descriptive study. American Institutes for Research: Arlington.

  • Neto et al., 2023. A Teoria da Carga Cognitiva e Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia nos currículos de formação de professores de Física no Brasil. Revista Brasileira de Ensino de Física, 45.

  • Nugraha, 2020. Station rotation type blended learning model against critical thinking ability of fourth grade students. Journal of Education Technology, 4(4), pp. 516-523.

  • Steinert & Hardoim, 2019. Rotação por estações na escola pública: Limites e possibilidades em uma aula de biologia. Ensino em Foco, 2(4), pp. 11-24.

  • Truitt & Ku, 2018. A case study of third grade students perceptions of the station rotation blended learning model in the United States. Educational Media International, 55(2), pp. 153-169.

  • Tucker et al., 2017. Blended learning in action: A practical guide toward sustainable change. Corwin: Thousand Oaks.

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