Metodologias ativas: o que são e 10 técnicas para utilizar na sala de aula
- Jeferson Costa
- Mar 22
- 13 min read
Updated: Apr 15
Resumo: As metodologias ativas representam uma mudança de paradigma na educação, focando no desenvolvimento integral do aluno e na preparação para os desafios do mundo contemporâneo. Para os alunos, ela torna o processo de ensino-aprendizagem mais profunda e duradoura. Para os professores, adotar essas práticas pode ser um caminho para tornar as aulas mais interessantes e eficazes, além de fortalecer o vínculo com os estudantes. Apesar dos benefícios, sua implementação enfrenta desafios, como resistência à mudança e falta de infraestrutura, exigindo adaptação e planejamento. Alguns exemplos de metodologias ativas incluem a aprendizagem baseada em projetos (ABP), a sala de aula invertida, a gamificação, o estudo de caso e a aprendizagem entre pares.

As metodologias ativas têm ganhado cada vez mais espaço no cenário educacional, especialmente em um momento em que a educação busca formas mais eficazes de engajar os estudantes e promover aprendizagens significativas. Compreender e aplicar corretamente essas metodologias pode ser um diferencial na prática pedagógica, transformando a sala de aula em um ambiente dinâmico e participativo.
Mas, afinal, o que são metodologias ativas e como utilizá-las de maneira prática?
Nesse texto, vamos:
Explicar o que são as metodologias ativas de ensino
Entender os benefícios com a utilização das metodologias ativas na sala de aula
Compreender os desafios às metodologias ativas
Entender os formatos de avaliação que podem ser utilizadas nas metodologias ativas
Listar exemplos de metodologias ativas e como elas podem ser aplicadas
O que são metodologias ativas?
"As metodologias ativas constituem-se como alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e de aprendizagem nos aprendizes, envolvendo-os na aquisição de conhecimento por descoberta, por investigação ou resolução de problemas numa visão de escola como comunidade de aprendizagem (onde há participação de todos os agentes educativos, professores, gestores, familiares e comunidade de entorno e digital)." (Moran, 2019)
Essa definição apresentada por José Moran consegue resumir muito bem o que são as metodologias ativas, que colocam os alunos no centro do processo de aprendizagem, incentivando sua participação ativa na construção do conhecimento.
Diferente do modelo tradicional, em que o professor é o detentor do saber e o aluno um mero receptor passivo, as metodologias ativas propõem que os estudantes assumam um papel protagonista, investigando, questionando, colaborando e aplicando o conhecimento em situações reais ou simuladas.
ASPECTO | ENSINO TRADICIONAL | ENSINO ATIVO |
Papel do aluno | Recebe o conteúdo do professor de maneira passiva | Se envolve ativamente no processo, sendo parte central dele |
Papel do professor | Autoridade e detentor do conhecimento | Facilitador e guia do processo de aprendizagem |
Avaliação da aprendizagem | Baseada na memorização do conteúdo | Baseada em habilidades e competências |
Interações na aprendizagem | Focada na interação professor-aluno | Mais diversa, permitindo que os estudantes interajam mais entre si |
Fundamentação teórica das metodologias ativas
Embora possa parecer um termo moderno e uma ruptura da educação, as metodologias ativas são, na verdade, um retorno da educação ao modelo tradicional de crítica e envolvimento dos alunos, como postulado por Sófocles (filósofo da Grécia Antiga) - "deve-se aprender fazendo" - ou a filosofia experimental de Jhon Dewey (Fornari & Poznanski, 2021). Algo que se perdeu após a revolução industrial, onde a educação passou a ser gerenciada como uma fábrica.
Isso é reforçado pelo fato de que, apesar de só se popularizar na década de 1990, com o artigo de Bownwell & Eison (1991), as metodologias ativas têm raízes bem mais antigas, com a contribuição direta ou indireta de diversas figuras importantes da pedagogia mundial. A tabela a seguir traz algumas dessas principais contribuições.
CONTRIBUINTE | DESCRIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO |
John Dewey (1859–1952) | Um dos primeiros a defender que a aprendizagem deve envolver ativamente os alunos e ser baseada na experiência ("aprender fazendo"- "learning by doing"). "o conhecimento do curso natural do desenvolvimento sempre se vale de situações que implicam aprender por meio de uma atividade, aprender fazendo (Dewey, 1979)." |
Maria Montessori (1870–1952) e Célestin Freinet (1896–1966) | Desenvolveram um método prático de ensino centrado no aluno ( o Método Montessori), antecipando alguns princípios compartilhado com as metodologias ativas. |
Paulo Freire (1921–1997) | Embora não usasse o termo, sua pedagogia crítica e dialógica (valorização do diálogo entre professores e alunos) reforçou a ideia de que o aluno deve ser agente ativo no processo educativo. "ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo"(Freire, 1987). |
Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygostky (1896-1934) | São nomes importantes das ideias construtivistas. Embora tenham diferenças importantes entre os seus pensamentos, ambos concordam que (1) o aprendiz age ativamente na construção do seu entendimento e (2) as interações sociais são importantes nessa construção do conhecimento (Woolffolk & Usher, 2024). |
Com o lançamento do artigo de Bownwell & Eison (1991), as metodologias ativas foram organizadas dentro de princípios e objetivos claros, permitindo a adoção sistemática delas por diversas instituições de ensino dos mais variados níveis, desde a educação infantil até a pós-graduação.
Objetivos e princípios das metodologias ativas
O uso das metodologias ativas tem dois objetivos principais: (1) mudar o foco do ensino para o aprendiz e (2) envolver o aprendiz em processos mentais mais complexos através do envolvimento dele na aprendizagem (Concklin & Stix, 2015; Fornari & Poznanski, 2021).
O primeiro objetivo é mais simples de observar e envolve colocar o aluno como parte ativa do processo de aprendizagem, como já abordamos anteriormente.
O segundo objetivo, por outro lado, é alcançado quando o professor consegue inserir os alunos em processos mentais mais complexos do que a simples memorização de conteúdos. Isso pode ser melhor ilustrado quando observamos a pirâmide da taxonomia de Bloom.

Quanto aos princípios, Barnes (1989 apud Kyriacou, 1992) sugere sete princípios da aprendizagem ativa:
Propósito: a tarefa deve ter relevância para os interesses e necessidades dos alunos
Reflexão: os alunos refletem sobre significado do que aprenderam
Negociação: o professor e os alunos negociam os objetivos e métodos da aprendizagem
Crítica: os alunos avaliam diferentes formas de aprender um conteúdo
Complexidade: a aprendizagem reflete a complexidade da vida real
Situacional: as atividades são adaptadas ao contexto específico da turma
Engajadora: as tarefas envolvem problemas reais e ações concretas
A importância do ambiente escolar para as metodologias ativas
Por fim, vale ressaltar aqui a importância que precisamos dar para o ambiente escolar como fator essencial à aplicação eficiente e frutífera das metodologias ativas. Grabinger & Dunlap (1995) estabelecem que esses Ambientes Ricos para as Metodologias Ativas (ARMA, ou REAL, em inglês) como aqueles onde:
Alinhado com estratégias e filosofias construtivistas;
Promove a aprendizagem baseada em pesquisa, através de investigação e com conteúdo acadêmico autêntico (isto é, realista, significativa, relevante, complexa e rica em informações);
Incentiva a responsabilidade, iniciativa e tomada de decisões por parte dos alunos, que são características essenciais às habilidades de liderança;
Cria uma atmosfera propícia à aprendizagem colaborativa, formando comunidades de conhecimento;
Cultiva um ambiente dinâmico através de aprendizagem interdisciplinar e gera atividades de alto nível para
uma experiência de aprendizagem enriquecida;
Integra conhecimentos prévios com novos, construindo uma estrutura de conhecimento sólida entre os alunos;
Utiliza a avaliação de desempenho baseada em tarefas, dando aos alunos uma noção prática e realista do conteúdo aprendido em sala de aula.
Todas essas caraterísticas precisam ser observadas pela comunidade escolar, de modo a permitir que as metodologias ativas sejam inseridas de modo eficiente e se tornem parte da cultura escolar, e não sejam somente ações soltas dentro do ambiente escolar. Se a escola falhar em criar esse ambiente, as metodologias ativas serão iniciativas soltas dentro da grade e seus efeitos serão mais limitados.
Benefícios das metodologias ativas
Ao longo dos seus mais de 30 anos de adoção, as metodologias ativas cresceram (tanto em adoção quanto em quantidade e diversidade de técnicas) e diversos estudos reafirmaram a sua eficiência e os benefícios com sua adoção.
Benefícios para os alunos:
Maior engajamento e melhora da aprendizagem: a participação ativa reduz a passividade e aumenta o interesse pelo conteúdo, tornando a aprendizagem mais profunda e duradoura (Freeman et al., 2014).
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais: isso vale especialmente para as técnicas que envolvem a colaboração entre alunos, o que incentiva o trabalho em equipe, comunicação, criatividade e resiliência (Durlak et al, 2011), que são habilidades essenciais ao mercado de trabalho do século XXI.
Aprendizagem significativa: os conteúdos são conectados à realidade dos alunos, facilitando a retenção e aplicação.
Autonomia e protagonismo: os alunos tornam-se responsáveis por seu próprio aprendizado (Zimmerman, 2002).
Benefícios para os professores:
Ensino mais dinâmico e inovador: rompe com a monotonia das aulas expositivas.
Personalização do ensino: é possível adaptar as atividades às necessidades individuais e coletivas dos alunos.
Benefícios para as Instituições de Ensino
Melhoria nos indicadores educacionais: o aumento da retenção de conhecimento leva à melhoria no desempenho acadêmico dos alunos.
Atração e retenção de alunos: as metodologias ativas podem ser utilizadas como um diferencial competitivo. Isso é particularmente importante para as escolas privadas.
Formação cidadã: os alunos saem das escolas mais conscientes e preparados para desafios sociais.
Desafios à utilização das metodologias ativas
A adoção das metodologias ativas, apesar de seus benefícios, enfrenta obstáculos práticos e culturais que podem dificultar sua aplicação efetiva. Entre os principais desafios, destacam-se:
Resistência à mudança: muitos educadores, acostumados ao modelo tradicional, podem sentir insegurança ao adotar abordagens que exigem maior flexibilidade e desprendimento do controle centralizado. Além dos professores, os estudantes, habituados a um ensino passivo, podem inicialmente resistir à maior autonomia e responsabilidade exigidas.
Falta de recursos e infraestrutura: a falta de espaços físicos adequados (salas fixas, mobília inflexível) e falta de materiais (principalmente os relacionados à tecnologia) podem limitar a execução de algumas formas de metodologias ativas. Isso é particularmente importante para as escolas públicas que, em geral, enfrentam dificuldades para acesso a ferramentas digitais ou insumos para projetos.
Impacto no tempo e carga horária: algumas metodologias ativas demandam ciclos mais longos de planejamento e execução, o que pode conflitar com currículos rígidos e cobrança por "conteúdo programático".
Formação docente: muitos professores não recebem capacitação específica para aplicar metodologias ativas ou fazer gestão numa sala de aula não convencional (ex.: mediação de conflitos em trabalhos em grupo).
Avaliação em larga escala: a preparação para grandes exames (como vestibulares e o ENEM) ainda prioriza métodos conteudistas tradicionais, criando tensão entre o desenvolvimento de competências e a preparação para provas.
Como é a avaliação da aprendizagem nas metodologias ativas?
A avaliação em metodologias ativas deve ser contínua, formativa e diversificada, focando no processo tanto quanto no produto final. Algumas estratégias incluem:
Avaliação por competências: utilizam métodos que avaliam a capacidade dos alunos em aplicar conhecimentos e habilidades em situações reais. Ex. rubricas (tabelas com critérios claros - por exemplo criatividade, colaboração, profundidade da pesquisa - para avaliar projetos ou atividades) ou portfólios (compilação de trabalhos, reflexões e evidências de aprendizagem ao longo do tempo).
Autoavaliação e avaliação por pares (peer assessment): os alunos avaliam seu próprio desempenho e o dos colegas, desenvolvendo metacognição e responsabilidade.
Observação direta e feedback: o professor registra o engajamento, a participação em discussões e a resolução de problemas durante as atividades. O feedback constante substitui (ou complementa) notas tradicionais.
Produtos tangíveis: protótipos, apresentações, relatórios ou vídeos criados pelos alunos servem como evidências de aprendizagem. Ex.: na gamificação, a conquista de "medalhas" pode representar domínio de conceitos.
Avaliação sistêmica: para conciliar com exigências externas, é possível adaptar instrumentos tradicionais. Por exemplo, podemos aplicar uma prova dissertativa com questões contextualizadas (ex.: analisar um caso estudado em sala) ou utilizar seminários que substituam provas escritas.
10 maneiras de utilizar metodologias ativas na sala de aula
A implementação de metodologias ativas não requer uma mudança radical da noite para o dia, mas sim uma adaptação gradual e consciente. A implementação dessas metodologias exige planejamento, flexibilidade e disposição para experimentar novas abordagens. Comece com pequenas mudanças, avalie os resultados e ajuste as estratégias conforme necessário. Com o tempo, as metodologias ativas se tornarão parte natural da sua prática docente, transformando a sala de aula em um espaço de descoberta, colaboração e crescimento.
Abaixo, apresentamos algumas estratégias práticas que podem ser aplicadas nesse contexto:
Método em que os alunos aprendem por meio da elaboração de projetos que integram conhecimentos de diversas áreas. O objetivo é o desenvolvimento de um projeto concreto, que pode ser um produto, uma apresentação, uma campanha, ou qualquer outro resultado tangível. Os professores envolvidos atuam como mediadores, orientando as pesquisas e estimulando a reflexão.
Ex: Com o projeto de "Criar uma maquete de uma cidade sustentável", é possível trabalhar conceitos de geografia, ciências e matemática.
Nesse método, o objetivo é a resolução de um problema complexo e aberto (real ou simulado), que não tem uma resposta única ou óbvia. O foco, então, está no processo de investigação e na resolução do problema, sem necessariamente gerar um produto final. Por meio de investigação e pesquisa, os alunos buscam possíveis explicações e soluções para o problema, desenvolvendo habilidades de pensamento crítico e análise.
Ex. Os alunos investigam as causas de poluição num rio local, propondo uma explicação e soluções viáveis para resolvê-la, utilizando conhecimentos de biologia, química e sociologia.
O conceito utilizado aqui é o mesmo na metodologia de estudo de caso, onde o professor trabalha um caso específico durante uma única aula, expondo o problema e a turma analisa suas explicações e possíveis soluções.
Ex. Em uma aula de geografia, os alunos podem analisar um caso sobre os impactos da urbanização em uma determinada região, propondo soluções para os problemas identificados.
Obs. Apesar de serem parecidas, as aprendizagens baseadas em projetos e problemas apresentam algumas diferenças básicas, que são:
TÓPICO | BASEADA EM PROJETOS | BASEADA EM PROBLEMAS |
Objetivo | Criar algo novo ou resolver uma situação prática, aplicando o conhecimento de forma interdisciplinar. | Aprender a resolver problemas de forma colaborativa, desenvolvendo habilidades como pesquisa, argumentação e tomada de decisão. |
Estrutura | Estruturada em torno de etapas de planejamento, execução e apresentação do projeto. | Estrutura mais aberta e flexível, centrada na investigação e na busca por soluções. |
Duração | Geralmente ocorre ao longo de um período mais extenso, pois envolve a criação de algo concreto. | Pode ser mais curta, focada na análise e resolução de um problema específico. |
Interdisciplinaridade | Tende a integrar mais disciplinas de forma explícita, já que o projeto pode exigir conhecimentos variados. | Pode ser mais focada em uma área específica, dependendo da natureza do problema. |
Resultado final | O foco está na criação de um produto ou resultado tangível (como um protótipo, uma campanha ou uma apresentação). | O foco está no processo de investigação e na resolução do problema, sem necessariamente gerar um produto final. |
Uso de elementos de jogos (como pontuação, desafios e recompensas) para engajar os alunos e tornar o aprendizado mais lúdico e motivador. Além disso, para os jogos em equipes, os alunos desenvolvem habilidades sociais, de liderança e de comunicação.
Ex. Utilização de um jogo de tabuleiro para ensinar conceitos de frações.
Nessa abordagem, os alunos estudam o conteúdo previamente em casa, por meio de vídeos, textos ou outros recursos, e utilizam o tempo em sala para tirar dúvidas, debater e realizar atividades práticas. Como ela tem parte do conteúdo em sala de aula e parte no mundo digital, ela é incluída nas chamadas técnicas de ensino híbrido (blended learning).
Ex. Em uma aula de biologia, os alunos podem assistir a um vídeo sobre a célula antes da aula e, em classe, participar de uma atividade de construção de modelos de células animal e vegetal.
Método que organiza a sala de aula em diferentes "estações" ou espaços de trabalho, onde os alunos realizam atividades variadas relacionadas a um mesmo tema ou conteúdo. Como ao menos uma das estações, em geral, envolve o uso de recursos tecnológicos, ela também é considerada uma técnica de ensino híbrido (blended learning). Essa abordagem permite personalizar o aprendizado, promover a colaboração e fornecer o conteúdo de forma multissensorial (multimodalidade).
Ex. Utilizando o tema "Fotossíntese", o professor pode organizar 4 estações, que são: (1) experimento simples que observa a produção de oxigênio; (2) vídeo interativo sobre o processo de fotossíntese e quiz online; (3) texto sobre a importância da fotossíntese para o ecossistema e pedido de resumo sobre ele e (4) debate sobre como a fotossíntese pode ser afetada por mudanças climáticas.
Estratégia em que os alunos trabalham em duplas ou grupos, ensinando e aprendendo uns com os outros, promovendo a colaboração e a troca de conhecimentos. Ela envolve a leitura prévia de conteúdo antes da aula (assim como na sala de aula invertida), onde ocorre a dinâmica de instrução entre pares.
Ex. Em uma aula de língua portuguesa, os estudantes podem revisar e corrigir redações uns dos outros, desenvolvendo habilidades de escrita e crítica construtiva.
7. Design Thinking
Metodologia que incentiva os alunos a resolver problemas de forma criativa e colaborativa, seguindo etapas como do método Design Thinking (empatia, definição do problema, ideação, prototipagem e teste). É uma adaptação da Aprendizagem Baseada em Projetos.
Ex. A partir de um problema (desperdício de água e energia na escola), os alunos podem propor soluções, que são testadas, e avaliam sua eficiência.
8. Aprendizagem maker
Abordagem pedagógica que coloca os alunos no papel de criadores, incentivando-os a "aprender fazendo" por meio de projetos práticos, com a "mão na massa" e comumente com o uso de tecnologias. Essa metodologia está alinhada com o movimento maker (definição do projeto, pesquisa e planejamento, prototipagem, testes e ajustes, apresentação e compartilhamento), que valoriza a criatividade, a inovação e a resolução de problemas por meio da construção de objetos, protótipos ou soluções tangíveis. Apesar de estar fortemente ligado à robótica, ela envolve outras formas de entregas.
Ex. Os alunos podem escolher criar soluções para problemas ambientais, como um sistema de compostagem caseiro ou um aquecedor solar feito com materiais reciclados. Com isso, eles aprendem sobre ecologia, física e engenharia.
Coloca os alunos no papel de investigadores, incentivando-os a explorar questões, problemas ou fenômenos por meio de perguntas, pesquisas e experimentações e a utilização de uma adaptação do método científico (formulação da pergunta, formulação das hipóteses, planejamento da investigação, análise dos dados, conclusão e apresentação e reflexão). Essa abordagem promove a curiosidade, o pensamento crítico e a autonomia, permitindo que os alunos construam o conhecimento de forma ativa e significativa.
Ex. A partir da pergunta "Como a luz afeta o crescimento das plantas?", os alunos podem realizar experimentos práticos e chegar numa conclusão, que pode ser debatida com a turma.
10. Aprendizagem por Simulação de Papéis (Role-Playing)
Os alunos assumem papéis específicos para simular situações reais ou fictícias, vivenciando diferentes perspectivas e contextos. Essa abordagem é especialmente eficaz para desenvolver habilidades como empatia, comunicação, resolução de problemas e pensamento crítico, além de tornar o aprendizado mais envolvente e significativo. A simulação de papéis pode ser aplicada em diversas disciplinas, como história, literatura, ciências sociais, línguas e até mesmo em áreas como saúde e negócios.
Ex. Para uma aula de literatura brasileira, o professor pode pedir uma encenação de trechos da obra "Dom Casmurro", de Machado de Assis.
Referências
Bownwell & Eison, 1991. Active Learning: Creating Excitement in the Classroom. ASHE-ERIC Higher Education Report, n° 1. The George Washington University.
Dewey, 1979. Democracia e educação. Atualidades pedagógicas - Volume 21. 4ª edição, Companhia Editora Nacional: São Paulo.
Durlak et al, 2011. The impact of enhancing students’ social and emotional learning. Child Development, 82(1), pp. 405–432.
Freeman et al, 2014. Active learning increases student performance in science, engineering, and mathematics. PNAS, 111(23), pp. 8410–8415.
Freire, 1987. Pedagogia do oprimido. 17ª edição, Paz e Terra: Rio de Janeiro.
Kyriacou, 1992. Active Learning in Secondary School Mathematics. British Educational Research Journal, 18 (3), pp. 309-318.
Moran, 2019. Metodologias Ativas de Bolso: Como os alunos podem aprender de forma ativa, simplificada e profunda. Editora do Brasil: São Paulo.
Woolfolk & Usher, 2024. Educational Psychology: Active Learning Edition. 15ª edição, Pearson: Hoboken.
Zimmerman, 2002. Becoming a Self-Regulated Learner: An Overview. Theory into Practice, 41 (2).
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